quinta-feira, 19 de março de 2020

REVOLUÇÃO RUSSA - 9º Ano


          A Rússia é o maior país do mundo. No início do século XX, a Rússia era uma das potências mais importantes do cenário internacional. Apesar de ter uma posição privilegiada no concerto das nações da Europa daquela época, era um país com muitos problemas internos, a começar pelo regime político, pois era governada por poderosos czares. Era um dos últimos regimes absolutistas da Europa. O czarismo controlava o país com autoritarismo. A família Romanov, dinastia imperial russa se orgulhava de não perder uma guerra havia trezentos anos.
  Além desse governo absolutista dos czares, os russos também sofriam com o poder da aristocracia rural, que detinha a maior parte das terras, impunha um domínio bastante severo sobre os agricultores. 85% da população russa era formada por camponeses, miseráveis em sua maioria. A Rússia, portanto, tinha problemas políticos graves, um regime antiquado e uma sociedade muito pobre. A economia russa estava baseada no campo. No início do século XX, nascia uma pequena indústria, um surto industrial protagonizado pelo capital belga e francês, especialmente. Os operários urbanos russos, embora fossem minoria e vivessem nas cidades, não tinham melhores condições de vida que os camponeses. A situação do operariado era muito grave. Em 1894 assumiu o trono da Rússia o czar Nicolau II, a dinastia de Romanov festejava os seus séculos de poderio. A população miserável era obrigada a assistir a uma ostentação de riqueza completamente inadequada à situação econômica da Rússia. Em 1905, a Rússia se envolveu em sérios problemas, na mesma época, os partidos de oposição ao regime do czar estavam se fortalecendo. A burguesia liberal das cidades queria espaço na política e formara um grupo denominado de Menchevique. Do outro lado, os operários urbanos cada vez mais conscientes da sua falta de direitos e da necessidade de reformas na relação entre patrões e empregados, muito influenciados pelas ideias de Karl Marx, se juntaram para formar  um grande partido chamado de Bolchevique. Assim, o governo czarista sofreu oposição tanto dos Mencheviques quanto dos Bolcheviques. À medida que a crise e a miséria se tornaram insustentáveis, maior era a oposição, o que desestabilizava o regime, fazendo com que o czar respondesse com violência. Muitos líderes bolcheviques foram mortos, outros tantos eram enviados ao exílio, inclusive Lênin, exilado em Genebra, na Suíça. No mesmo ano, Nicolau II decidiu entrar numa guerra com Japão, na disputa por terras na região da Manchúria e da Coréia. A disputa imperialista foi um desastre. A guerra começou em 1904 e, em 1905, a Rússia se tornou a primeira potência europeia derrotada por um povo não-branco e não-cristão, representando uma vergonha para o czar, que passou a se considerar o elo fraco da dinastia de Romanov. A derrota surtiu efeitos devastadores na moral da sociedade russa. Somada a isso, a miséria no campo se agravou e 200 mil trabalhadores, liderados por padres da Igreja Ortodoxa, decidiram se manifestar. Num domingo de inverno, marcharam em direção ao Palácio para entregar um manifesto clamando a misericórdia do imperador, melhores condições de trabalho e redução da jornada de 8 horas de trabalho. Acabaram assustando as tropas de Nicolau II que abriu fogo contra a multidão, matando milhares de manifestantes. Este episódio ficou conhecido como Domingo Sangrento e foi uma mancha no reinado de Nicolau II. Além das críticas ao czar pelo massacre, marinheiros se rebelaram contra oficiais e contra o regime, tomando o comando do encouraçado russo Poterkin. Na tentativa de conter as críticas, o imperador decidiu criar a Duma, um Parlamento russo que prometia reformas liberais, acabar com o absolutismo e eleições. Assim que as manifestações cessaram, o czar esqueceu de suas promessas. O ano de 1905 é considerado o ensaio da Revolução Russa, o regime do czar quase desabou nesse ano. Com o passar do tempo, a Rússia continuava miserável, o governo do czar cada vez mais autoritário. Em 1914, o czar teve a oportunidade de acabar com a péssima imagem que ele tinha adquirido ao ser derrotado pelos japoneses em 1905 - com a eclosão da Primeira Guerra Mundial, mergulhou a Rússia de cabeça no conflito. Mobilizou 15 milhões de soldados para a Grande Guerra. A maior mobilização da História até então. Os russos atacaram o Império Austro-Húngaro e as fronteiras da Alemanha, mas na verdade não tinham estrutura para a guerra. Chegaram a ir para o front com apenas uma bala, ao que os alemães faziam piada, diziam “ há mais russos na Guerra do que balas”. Os russos passaram a guerra, praticamente correndo de um lado para o outro, se escondendo, pois não havia efetividade da ação militar russa. Embora fossem milhões, estavam despreparados para a guerra. Enquanto isso, os gastos com a manutenção das tropas na guerra, levava o país ao colapso econômico. Em 1916, a crise na Rússia atingiu o seu ápice. No inverno daquele ano, o imperador tomou a decisão de sair da Rússia e comandar as tropas pessoalmente. Isso elevou a moral do exército em batalha, mas a crise interna do país levou 30 milhões de camponeses a abandonarem os campos rumo às cidades em busca de comida num inverno rigoroso que atingia 40º negativos. A Igreja Ortodoxa chegou a fechar as portas de suas paróquias para que a população faminta não invadisse as igrejas para comer as velas. Neste contexto, ocorriam greves de operários urbanos, ao mesmo tempo que a czarina Alexandra comandava o país na ausência do czar. Apesar de ser leal à Rússia e ao marido, Alexandra sofreu a desconfiança dos russos por ser irmã do kaiser Guilherme II da Alemanha, contra o qual a Rússia estava lutando. Diante de todos esses problemas, a Rússia entrou em colapso no início do ano de 1917.
    Em fevereiro de 1917, a czarina Alexandra foi afastada do trono e Nicolau II foi deposto, ocorrendo a 1ª Revolução Russa: a Menchevique. Quem passou a comandar o país foi um jovem deputado burguês liberal, Kerensky, que tomou medidas importantes como reduzir a jornada de trabalho para dez horas, mas suas medidas não foram suficientes para o que a Rússia precisava naquele momento, como tirar as tropas da guerra. Kerensky tinha medo de romper com os compromissos que assumira com seus aliados ocidentais, a Inglaterra e a França. Em outubro, ocorreu a Revolução Bolchevique. Lênin, que estava exilado em Genebra, assinou um acordo com os alemães, o Tratado de Brest-Litovsky. Por esse tratado, a Alemanha ajudaria Lênin a voltar para a Rússia em segurança pela Finlândia e ele se comprometia a tomar o poder na Rússia e a retirar as tropas da guerra, beneficiando os alemães. Lênin toma o poder, os bolcheviques assumem o comando do país, quando Lênin declara que “todo poder está nas mãos dos líderes dos sindicatos, ou seja, dos sovietes”. Assim, Lênin ordenou o fuzilamento da família imperial russa. Com isso, Lênin cumpriu o acordo com os alemães e retirou a Rússia da guerra. Em seguida, Lênin começou a implantar o comunismo no país.  A primeira forma de comunismo adotada por Lênin foi o comunismo de guerra pois, ao tomar o poder, a velha aristocracia russa (Mencheviques) se revoltou e organizou tropas para atacar o governo. No embate, surgiram dois poderosos exércitos: o Branco, formado por aristocratas depostos do poder e o Vermelho comunista, de Lênin. Esse comunismo de guerra foi de emergência, onde Lênin tomou medidas drásticas como o confisco de toda produção agrícola, a equalização dos salários, o confisco das indústrias estrangeiras e  a estatização de todas as indústrias da Rússia. Também estabeleceu os sábados comunistas, onde os trabalhadores trabalhavam gratuitamente pelo regime e a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS).
   Depois da guerra civil, em 1921, com a vitória do exército Vermelho, dos Bolcheviques, Lênin estabeleceu a Nova Política Econômica (NEP), implantada com a intenção de recuperar o país, permitindo a exploração privada da propriedade de terras, acabou com o confisco da produção agrícola, estabeleceu a liberdade de comércio interno e de produção industrial e planificou a economia. Com a morte de Lênin, em 1924, a Rússia viveu uma disputa pelo poder entre os dois grandes líderes da Revolução Russa: Stálin e Trótsky - este desejava espalhar o comunismo pelo mundo para garantir a manutenção da Rússia comunista. O líder do partido comunista, Stálin, que controlava o poder politico, policial, os mecanismos de inteligência e  toda a burocracia do país acabou vencendo e exilando Trótsky no México. O rival acabou sendo assassinado por ordem de Stálin que iniciou a Era Stalinista, uma ditadura totalitarista de esquerda, extremamente sangrenta e autoritária.
                                                                                   
(Professora Historiadora Márcia Luciana Mendes)

Analise o texto e as informações da apostila para responder:
       
1-     A Revolução Russa de 1917 significou a formação do primeiro Estado Socialista do mundo, provocando uma ruptura no sistema capitalista mundial e influenciando os movimentos revolucionários no pós¬- guerra e a divisão do mundo em Socialismo e Capitalismo, com os consequentes conflitos de interesses. * Cite duas condições existentes na Rússia czarista que contribuíram para a eclosão da Revolução de 1917.

2-     Em 1917, liderados por Lênin, os bolcheviques ganharam popularidade com as "Teses de Abril", enunciadas no lema "Paz, Pão e Terra". * Relacione este lema às necessidades do povo russo.


3-     O que foi a “Nova Política Econômica” – NEP – criada por Lênin, em 1921, para enfrentar as dificuldades econômicas pós-¬revolução?


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