A Rússia é o maior país do mundo. No início do século XX, a Rússia era
uma das potências mais importantes do cenário internacional. Apesar de ter uma
posição privilegiada no concerto das nações da Europa daquela época, era um
país com muitos problemas internos, a começar pelo regime político, pois era
governada por poderosos czares. Era um dos últimos regimes absolutistas da
Europa. O czarismo controlava o país com autoritarismo. A família Romanov,
dinastia imperial russa se orgulhava de não perder uma guerra havia trezentos
anos.
Além desse governo absolutista dos czares, os
russos também sofriam com o poder da aristocracia rural, que detinha a maior
parte das terras, impunha um domínio bastante severo sobre os agricultores. 85%
da população russa era formada por camponeses, miseráveis em sua maioria. A
Rússia, portanto, tinha problemas políticos graves, um regime antiquado e uma
sociedade muito pobre. A economia russa estava baseada no campo. No início do
século XX, nascia uma pequena indústria, um surto industrial protagonizado pelo
capital belga e francês, especialmente. Os operários urbanos russos, embora
fossem minoria e vivessem nas cidades, não tinham melhores condições de vida
que os camponeses. A situação do operariado era muito grave. Em 1894 assumiu o
trono da Rússia o czar Nicolau II, a dinastia de Romanov festejava os seus
séculos de poderio. A população miserável era obrigada a assistir a uma
ostentação de riqueza completamente inadequada à situação econômica da Rússia.
Em 1905, a Rússia se envolveu em sérios problemas, na mesma época, os partidos
de oposição ao regime do czar estavam se fortalecendo. A burguesia liberal das
cidades queria espaço na política e formara um grupo denominado de Menchevique.
Do outro lado, os operários urbanos cada vez mais conscientes da sua falta de direitos
e da necessidade de reformas na relação entre patrões e empregados, muito
influenciados pelas ideias de Karl Marx, se juntaram para formar um grande partido chamado de Bolchevique.
Assim, o governo czarista sofreu oposição tanto dos Mencheviques quanto dos
Bolcheviques. À medida que a crise e a miséria se tornaram insustentáveis,
maior era a oposição, o que desestabilizava o regime, fazendo com que o czar
respondesse com violência. Muitos líderes bolcheviques foram mortos, outros
tantos eram enviados ao exílio, inclusive Lênin, exilado em Genebra, na Suíça.
No mesmo ano, Nicolau II decidiu entrar numa guerra com Japão, na disputa por
terras na região da Manchúria e da Coréia. A disputa imperialista foi um
desastre. A guerra começou em 1904 e, em 1905, a Rússia se tornou a primeira
potência europeia derrotada por um povo não-branco e não-cristão, representando
uma vergonha para o czar, que passou a se considerar o elo fraco da dinastia de
Romanov. A derrota surtiu efeitos devastadores na moral da sociedade russa.
Somada a isso, a miséria no campo se agravou e 200 mil trabalhadores, liderados
por padres da Igreja Ortodoxa, decidiram se manifestar. Num domingo de inverno,
marcharam em direção ao Palácio para entregar um manifesto clamando a
misericórdia do imperador, melhores condições de trabalho e redução da jornada
de 8 horas de trabalho. Acabaram assustando as tropas de Nicolau II que abriu
fogo contra a multidão, matando milhares de manifestantes. Este episódio ficou
conhecido como Domingo Sangrento e foi uma mancha no reinado de Nicolau II.
Além das críticas ao czar pelo massacre, marinheiros se rebelaram contra
oficiais e contra o regime, tomando o comando do encouraçado russo Poterkin. Na
tentativa de conter as críticas, o imperador decidiu criar a Duma, um
Parlamento russo que prometia reformas liberais, acabar com o absolutismo e
eleições. Assim que as manifestações cessaram, o czar esqueceu de suas
promessas. O ano de 1905 é considerado o ensaio da Revolução Russa, o regime do
czar quase desabou nesse ano. Com o passar do tempo, a Rússia continuava
miserável, o governo do czar cada vez mais autoritário. Em 1914, o czar teve a
oportunidade de acabar com a péssima imagem que ele tinha adquirido ao ser derrotado
pelos japoneses em 1905 - com a eclosão da Primeira Guerra Mundial, mergulhou a
Rússia de cabeça no conflito. Mobilizou 15 milhões de soldados para a Grande
Guerra. A maior mobilização da História até então. Os russos atacaram o Império
Austro-Húngaro e as fronteiras da Alemanha, mas na verdade não tinham estrutura
para a guerra. Chegaram a ir para o front com apenas uma bala, ao que os
alemães faziam piada, diziam “ há mais russos na Guerra do que balas”. Os
russos passaram a guerra, praticamente correndo de um lado para o outro, se
escondendo, pois não havia efetividade da ação militar russa. Embora fossem
milhões, estavam despreparados para a guerra. Enquanto isso, os gastos com a
manutenção das tropas na guerra, levava o país ao colapso econômico. Em 1916, a
crise na Rússia atingiu o seu ápice. No inverno daquele ano, o imperador tomou
a decisão de sair da Rússia e comandar as tropas pessoalmente. Isso elevou a
moral do exército em batalha, mas a crise interna do país levou 30 milhões de
camponeses a abandonarem os campos rumo às cidades em busca de comida num
inverno rigoroso que atingia 40º negativos. A Igreja Ortodoxa chegou a fechar
as portas de suas paróquias para que a população faminta não invadisse as
igrejas para comer as velas. Neste contexto, ocorriam greves de operários
urbanos, ao mesmo tempo que a czarina Alexandra comandava o país na ausência do
czar. Apesar de ser leal à Rússia e ao marido, Alexandra sofreu a desconfiança
dos russos por ser irmã do kaiser Guilherme II da Alemanha, contra o qual a
Rússia estava lutando. Diante de todos esses problemas, a Rússia entrou em
colapso no início do ano de 1917.
Em fevereiro de 1917, a czarina Alexandra
foi afastada do trono e Nicolau II foi deposto, ocorrendo a 1ª Revolução Russa:
a Menchevique. Quem passou a comandar o país foi um jovem deputado burguês
liberal, Kerensky, que tomou medidas importantes como reduzir a jornada de
trabalho para dez horas, mas suas medidas não foram suficientes para o que a
Rússia precisava naquele momento, como tirar as tropas da guerra. Kerensky
tinha medo de romper com os compromissos que assumira com seus aliados
ocidentais, a Inglaterra e a França. Em outubro, ocorreu a Revolução
Bolchevique. Lênin, que estava exilado em Genebra, assinou um acordo com os
alemães, o Tratado de Brest-Litovsky. Por esse tratado, a Alemanha ajudaria
Lênin a voltar para a Rússia em segurança pela Finlândia e ele se comprometia a
tomar o poder na Rússia e a retirar as tropas da guerra, beneficiando os
alemães. Lênin toma o poder, os bolcheviques assumem o comando do país, quando
Lênin declara que “todo poder está nas mãos dos líderes dos sindicatos, ou
seja, dos sovietes”. Assim, Lênin ordenou o fuzilamento da família imperial
russa. Com isso, Lênin cumpriu o acordo com os alemães e retirou a Rússia da guerra.
Em seguida, Lênin começou a implantar o comunismo no país. A primeira forma de comunismo adotada por
Lênin foi o comunismo de guerra pois, ao tomar o poder, a velha aristocracia
russa (Mencheviques) se revoltou e organizou tropas para atacar o governo. No
embate, surgiram dois poderosos exércitos: o Branco, formado por aristocratas
depostos do poder e o Vermelho comunista, de Lênin. Esse comunismo de guerra
foi de emergência, onde Lênin tomou medidas drásticas como o confisco de toda
produção agrícola, a equalização dos salários, o confisco das indústrias
estrangeiras e a estatização de todas as
indústrias da Rússia. Também estabeleceu os sábados comunistas, onde os
trabalhadores trabalhavam gratuitamente pelo regime e a União das Repúblicas
Socialistas Soviéticas (URSS).
Depois da guerra civil, em 1921, com a
vitória do exército Vermelho, dos Bolcheviques, Lênin estabeleceu a Nova
Política Econômica (NEP), implantada com a intenção de recuperar o país,
permitindo a exploração privada da propriedade de terras, acabou com o confisco
da produção agrícola, estabeleceu a liberdade de comércio interno e de produção
industrial e planificou a economia. Com a morte de Lênin, em 1924, a Rússia
viveu uma disputa pelo poder entre os dois grandes líderes da Revolução Russa:
Stálin e Trótsky - este desejava espalhar o comunismo pelo mundo para garantir
a manutenção da Rússia comunista. O líder do partido comunista, Stálin, que
controlava o poder politico, policial, os mecanismos de inteligência e toda a burocracia do país acabou vencendo e
exilando Trótsky no México. O rival acabou sendo assassinado por ordem de
Stálin que iniciou a Era Stalinista, uma ditadura totalitarista de esquerda,
extremamente sangrenta e autoritária.
(Professora
Historiadora Márcia Luciana Mendes)
Analise
o texto e as informações da apostila para responder:
1-
A
Revolução Russa de 1917 significou a formação do primeiro Estado Socialista do
mundo, provocando uma ruptura no sistema capitalista mundial e influenciando os
movimentos revolucionários no pós¬- guerra e a divisão do mundo em Socialismo e
Capitalismo, com os consequentes conflitos de interesses. * Cite duas condições
existentes na Rússia czarista que contribuíram para a eclosão da Revolução de
1917.
2-
Em
1917, liderados por Lênin, os bolcheviques ganharam popularidade com as
"Teses de Abril", enunciadas no lema "Paz, Pão e Terra". *
Relacione este lema às necessidades do povo russo.
3-
O
que foi a “Nova Política Econômica” – NEP – criada por Lênin, em 1921, para
enfrentar as dificuldades econômicas pós-¬revolução?
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