Refletindo a esse respeito, observamos
que com a correria do dia a dia, muitas vezes não nos damos conta das mudanças
ocorridas nas paisagens naturais que outrora tínhamos em muitos pontos de nosso
município, no qual tem como características vestígios de mata atlântica, visto
que nossa cidade, São Benedito, localiza-se no dorso da Serra da Ibiapaba,
acerca de 900 metros acima do nível do mar.
Como sabemos o homem, ao longo de sua
história, foi se adaptando ao ambiente em que vivia, conforme suas
necessidades. Isso aconteceu em todos os lugares do mundo, e em nossa cidade,
não foi diferente.
Podemos dizer que tudo começou na
época da chegada dos portugueses na região da Ibiapaba, em meados do século
XVII. Conta-se que Pero Coelho de Sousa armou um de seus acampamentos as
margens de um riacho, que posteriormente fora chamado de rio Arabê. Anos depois
essas terras foram doadas a um índio chamado Jacob, onde esse criou um
aldeamento, que tinha como base uma capela erguida em homenagem a São Benedito,
na qual o índio Jacob tornou-se devoto depois de sua catequização. A partir
dali, surgiu uma vila, que pertencia ao município de Viçosa do Ceará. Dessa
forma, nossa cidade acabou sendo formada. Com o passar dos tempos, as
aglomerações de pessoas nessa região, fizeram com que a cidade começasse a
crescer, principalmente com o advento de uma feira livre, que fora implantada
por um padre, na década de 1850.
Para que tudo isso fosse possível, o
homem teve que modificar o ambiente natural. Dessa forma, parte da
natureza foi destruída, abrindo espaços para as construções. Modificando,
assim, a paisagem natural, transformando-a para que se pudesse habitar de forma
mais adequada.
Hoje, apesar ter um status de cidade
pequena, nossa São Benedito ainda sofre com a ação humana, que teima em
modificar o ambiente. Agora, não mais para criar condições de sobrevivência,
mas para suprir a ganância de pessoas que aproveitam as ocasiões para abarrotar
suas contas bancárias, trazendo para nossa cidade uma especulação imobiliária
que está acabando com as poucas reservas naturais que ainda temos. Essa
especulação imobiliária está sendo impulsionada pela construção de um enorme
santuário, o que está transformando nossa cidade em um grande centro religioso,
recebendo romeiros de várias partes do Ceará e estados Vizinhos, principalmente
do Piauí.
Mas para isso, estamos pagando um
preço muito alto. Nosso rio Arabê, que servia nossa população, fornecendo água
potável, está praticamente morto. Até os açudes, que foram construídos para
ajudar no abastecimento da outrora pequena São Benedito, estão poluídos. As
matas, que são cantadas em versos em nosso hino municipal, estão acabando.
É preciso que algo seja feito, para
que nossas gerações futuras possam usufruir um pouco que usufruímos. Preservar
o que ainda resta, e reflorestar o que ainda dá para recuperar. As escolas
estão buscando fazer sua parte, através da conscientização dos alunos, e de
ações de replantio de arvores, limpeza dos rios e açudes, reaproveitamento,
reutilização e reciclagem do lixo. Mas todas essas ações podem se tornar nulas,
se as pessoas que tem o poder, e o dinheiro, não fizerem sua parte, esquecendo
um pouco o lucro fácil, buscando melhorias de forma sustentável.
Resumindo,
podemos concluir então que é melhor preservar a paisagem natural do que
destruí-la, pois os ambientes modificados têm causado sérios problemas por sua
alteração, e só prejudicam a qualidade de nossas vidas. Infelizmente, não
foram adotadas ações sustentáveis que preservasse o meio ambiente em nosso
município. Muito pelo contrário. Há um crescimento sem preocupação com o que
pode vir a acontecer com nossas matas e nosso clima.
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