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quarta-feira, 13 de julho de 2016

Atividade Literatura - Triste Fim de Policarpo Quaresma

TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES:
Não era feio o lugar, mas não era belo. Tinha, entretanto, o aspecto tranquilo e satisfeito de quem se julga bem com a sua sorte.
A casa erguia-se sobre um socalco, uma espécie de degrau, formando a subida para a maior altura de uma pequena colina que lhe corria nos fundos. Em frente, por entre os bambus da cerca, olhava uma planície a morrer nas montanhas que se viam ao longe; um regato de águas paradas e sujas cortava-as paralelamente à testada da casa; mais adiante, o trem passava vincando a planície com a fita clara de sua linha campinada [...].

BARRETO, Lima. Triste fim de Policarpo Quaresma. São Paulo: Penguin & Companhia das Letras. p.175.


1. (Ueg 2013)  Com relação ao tempo narrativo, nota-se que a utilização do pretérito imperfeito
a) aproxima o material narrado do universo contemporâneo do leitor.   
b) confere ao texto um caráter dual, que oscila entre o lírico e o metafórico.   
c) faz com que o tempo da narrativa se distancie, até certo ponto, do tempo do leitor.   
d) torna o texto mais denso de significação, na medida em que institui lacunas temporais.   
  
2. (Ueg 2013)  No excerto, narração e descrição
a) são elaboradas com a finalidade de conferir mais agilidade e maior dinamismo à trama do romance.   
b) são elaboradas de modo que uma se sobrepõe à outra, o que faz decair a qualidade estética do texto.   
c) se configuram para melhor caracterizar a atmosfera pessimista e sombria do espaço da narrativa.   
d) se entrelaçam para melhor situar o leitor diante dos eventos que compõem o enredo.   
  
3. (Ufpe 2012)  Lima Barreto foi uma das figuras mais contraditórias e controvertidas da literatura brasileira do início do século XX. Sobre sua obra, podemos dizer o que segue.
(     )  Seu conto, o Homem que sabia Javanês, é um relato mordaz sobre um trapaceiro que se passa por tradutor de um idioma exótico.  
(     )  O autor foi um dos pioneiros no uso do estilo jornalístico na literatura. Com linguagem objetiva e informal, descreve com clareza e simplicidade o cotidiano das classes desfavorecidas, às quais pertencia.  
(     )  Nos seus escritos, denuncia os problemas políticos e os preconceitos sociais de seu tempo, que ele, como mulato pobre, vivenciou.  
(     )  Em seu livro mais famoso, Triste Fim de Policarpo Quaresma, Lima Barreto foca a vida de uma personagem cujo nacionalismo beira a xenofobia. Por trás disso, faz uma grande crítica à política da República Velha.  
(     )  O romancista transforma o Marechal Floriano Peixoto num grande herói nacional em Triste Fim de Policarpo Quaresma, atribuindo-lhe um caráter magnânimo e superior.  
  








4. (Upf 2012)  Em Triste fim de Policarpo Quaresma, a personagem principal, nos instantes que antecedem sua morte, conclui que todos os seus projetos haviam resultado em sucessivas decepções e que a pátria que idealizara não existia. Nesses momentos, ___________________ do protagonista e ___________________ do narrador é que propiciam ao leitor a possibilidade de tomar conhecimento de tais conclusões.

A alternativa que completa corretamente as lacunas do texto anterior é:
a) o ufanismo - a onisciência   
b) o patriotismo - a onisciência   
c) a tristeza - o ufanismo   
d) a tristeza - o patriotismo   
e) a reflexão - a onisciência   
  
5. (Enem 2012)  Desde dezoito anos que o tal patriotismo lhe absorvia e por ele fizera a tolice de estudar inutilidades. Que lhe importavam os rios? Eram grandes? Pois que fossem... Em que lhe contribuía para a felicidade saber o nome dos heróis do Brasil? Em nada... O importante é que ele tivesse sido feliz. Foi? Não. Lembrou-se das coisas do tupi, do folk-lore, das suas tentativas agrícolas... Restava disso tudo em sua alma uma satisfação? Nenhuma! Nenhuma!

O tupi encontrou a incredulidade geral, o riso, a mofa, o escárnio; e levou-o à loucura. Uma decepção. E a agricultura? Nada. As terras não eram ferazes e ela não era fácil como diziam os livros. Outra decepção. E, quando o seu patriotismo se fizera combatente, o que achara? Decepções. Onde estava a doçura de nossa gente? Pois ele a viu combater como feras? Pois não a via matar prisioneiros, inúmeros? Outra decepção. A sua vida era uma decepção, uma série, melhor, um encadeamento de decepções.

A pátria que quisera ter era um mito; um fantasma criado por ele no silêncio de seu gabinete.

BARRETO, L. Triste fim de Policarpo Quaresma. Disponível em: www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 8 nov. 2011.

O romance Triste fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto, foi publicado em 1911. No fragmento destacado, a reação do personagem aos desdobramentos de suas iniciativas patrióticas evidencia que
a) A dedicação de Policarpo Quaresma ao conhecimento da natureza brasileira levou-o a estudar inutilidades, mas possibilitou-lhe uma visão mais ampla do país.   
b) A curiosidade em relação aos heróis da pátria levou-o ao ideal de prosperidade e democracia que o personagem encontra no contexto republicano.   
c) A construção de uma pátria a partir de elementos míticos, como a cordialidade do povo, a riqueza do solo e a pureza linguística, conduz à frustração ideológica.   
d) A propensão do brasileiro ao riso, ao escárnio, justifica a reação de decepção e desistência de Policarpo Quaresma, que prefere resguardar-se em seu gabinete.   
e) A certeza da fertilidade da terra e da produção agrícola incondicional faz parte de um projeto ideológico salvacionista, tal como foi difundido na época do autor.   
  
6. (Uem 2011)  Assinale o que for correto sobre o romance Triste fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto, levando em consideração, também, o fragmento que segue.

“Policarpo era patriota. Desde moço, aí pelos vinte anos, o amor da Pátria tomou-o todo inteiro. Não fora o amor comum, palrador e vazio; fora um sentimento sério, grave e absorvente. Nada de ambições políticas ou administrativas; o que Quaresma pensou, ou melhor: o que o patriotismo o fez pensar, foi num conhecimento inteiro do Brasil, levando-o a meditações sobre os seus recursos, para depois então apontar os remédios, as medidas progressivas, com pleno conhecimento de causa.”

BARRETO, Lima. Triste fim de Policarpo Quaresma. 14. ed. São Paulo: Ática, 1995, p. 22.

Vocabulário
Palrador: que ou o que palra, falador, tagarela.  
01) O romance é representativo do Romantismo, estilo de época caracterizado pela valorização da cor local, da paisagem, da gente brasileira, da sua capacidade de progredir e se desvencilhar política, espiritual, social e literariamente da influência de Portugal.   
02) A ideologia que subjaz à escritura do romance pressupõe, da parte do autor, um nacionalismo crítico capaz de olhar o país por um viés lúcido, denunciando-lhe as mazelas sociais, sobretudo aquelas relacionadas aos interesses políticos travestidos de patriotismo.   
04) O protagonista do romance é construído como um patriota ingênuo, capaz de acreditar que seria possível reformar o Brasil, a partir de aspectos que considera fundamentais, como a cultura, a agricultura e a política. Esses aspectos são correspondentes a empreitadas suas fadadas ao fracasso, já que erigidas sobre alicerces utópicos que não encontram referencial na realidade concreta e no interesse das autoridades, em cujas mãos está o poder.   
08) O “triste fim” do protagonista, referido no título do romance, remete à ideia trágica que marca o malogro de seu projeto inicial: o de reformar o país. Em vez de levar adiante a defesa de seus valores nacionalistas, acaba corrompido pela ideologia dominante, aliando-se aos poderosos para obter vantagens e sair da penúria financeira.   
16) O fragmento transcrito ilustra a concepção de linguagem literária adotada e defendida pelos escritores renovadores do período em que se insere o romance. Trata-se de uma linguagem simples, direta, objetiva, próxima ao falar cotidiano e/ou à linguagem característica do texto jornalístico.   

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Leia o trecho de Triste fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto, para responder às questões seguintes:

            Durante os lazeres burocráticos, estudou, mas estudou a Pátria, nas suas riquezas naturais, na sua história, na sua geografia, na sua literatura e na sua política. Quaresma sabia as espécies de minerais, vegetais e animais que o Brasil continha; sabia o valor do ouro, dos diamantes exportados por Minas, as guerras holandesas, as batalhas do Paraguai, as nascentes e o curso de todos os rios.
            (...)
            Havia um ano a esta parte que se dedicava ao tupi-guarani. Todas as manhãs, antes que a "Aurora com seus dedos rosados abrisse caminho ao louro Febo", ele se atracava até ao almoço com o Montoya, "Arte y diccionario de la lengua guarani ó más bien tupi", e estudava o jargão caboclo com afinco e paixão. Na repartição, os pequenos empregados, amanuenses e escreventes, tendo notícia desse seu estudo do idioma tupiniquim, deram não se sabe por que em chamá-lo - Ubirajara. Certa vez, o escrevente Azevedo, ao assinar o ponto, distraído, sem reparar quem lhe estava às costas, disse em tom chocarreiro: "Você já viu que hoje o Ubirajara está tardando?"
            Quaresma era considerado no Arsenal: a sua idade, a sua ilustração, a modéstia e honestidade do seu viver impunham-no ao respeito de todos. Sentindo que a alcunha lhe era dirigida, não perdeu a dignidade, não prorrompeu em doestos e insultos. Endireitou-se, consertou o seu "pince-nez", levantou o dedo indicador no ar e respondeu:
            - Senhor Azevedo, não seja leviano. Não queira levar ao ridículo aqueles que trabalham em silêncio, para a grandeza e a emancipação da Pátria.

Vocabulário:
amanuenses: escreventes;
doestos: injúrias.








7. (Unifesp 2007)  Examine a frase:

"Havia um ano a esta parte que se dedicava ao tupi-guarani."

a) No conjunto da obra, que relação há entre nacionalismo e o estudo de tupi-guarani?
b) Quanto ao sentido, explique o emprego da forma verbal "dedicava" e justifique sua resposta com uma expressão presente no texto.
  
8. (Ufu 2006)  Leia o trecho seguinte.

            "Que lhe importavam os rios? Eram grandes? Pois que fossem... Em que lhe contribuiria para a felicidade saber o nome dos heróis do Brasil? Em nada... O importante é que ele tivesse sido feliz. Foi? Não. Lembrou-se das suas coisas de tupi, do 'folk-lore', das suas tentativas agrícolas... Restava disso tudo em sua alma uma satisfação? Nenhuma! Nenhuma!
            O tupi encontrou a incredulidade geral, o riso, a mofa, o escárnio; e levou-o à loucura. Uma decepção. E a agricultura? Nada. As terras não eram ferazes e ela não era fácil como diziam os livros. Outra decepção. E, quando o seu patriotismo se fizera combatente, o que achara? Decepções. Onde estava a doçura de nossa gente? Pois ele não a viu combater como feras? Pois não a via matar prisioneiros, inúmeros? Outra decepção. A sua vida era uma decepção, uma série, melhor, um encadeamento de decepções."
            Lima Barreto. "Triste fim de Policarpo Quaresma".

Marque a afirmativa correta.
a) O trecho mostra que em todos os momentos de sua vida, Quaresma preocupou-se com o bem coletivo. Mas, neste momento, ele pensa em si próprio e vê que é um homem abandonado, incompreendido, injustiçado. Toda a sua dedicação à pátria não lhe deu felicidade nenhuma: é um homem só e decepcionado.   
b) O trecho foi extraído do 1.0 capítulo do romance em questão, que introduz o major Quaresma em seu sítio, fazendo uma reflexão de sua vida passada. A partir daí, em tempo psicológico, a narrativa resgata os episódios marcantes da vida de Quaresma envolvido na consolidação de seus projetos nacionalistas.   
c) Este trecho mostra que em todos os momentos de sua vida, Quaresma agiu como um cidadão nacionalista, envolvido, sobretudo, com o bem da pátria. Em sua reflexão fica claro que, mesmo após sua vida ter sido "um encadeamento de decepções", ele, o indivíduo, não se importa.   
d) Nas últimas linhas do trecho acima há a afirmação de que "A sua vida era uma decepção, uma série, melhor, um encadeamento de decepções". A última grande decepção de Quaresma, dentro de seu projeto de mostrar que o Brasil era uma nação viável e grandiosa, foi descobrir que o rio Amazonas era menor que o rio Nilo.   

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Fragmento de Triste fim de Policarpo Quaresma

"Policarpo era patriota. Desde moço, aí pelos vinte anos, o amor da Pátria tomou-o todo inteiro. Não fora o amor comum, palrador e vazio; fora um sentimento sério, grave e absorvente. (...) o que o patriotismo o fez pensar, foi num conhecimento inteiro de Brasil. (...) Não se sabia bem onde nascera, mas não fora decerto em São Paulo, nem no Rio Grande do Sul, nem no Pará. Errava quem quisesse encontrar nele qualquer regionalismo: Quaresma era antes de tudo brasileiro."
BARRETO, Lima. Triste fim de Policarpo Quaresma. São Paulo: Scipione, 1997.




9. (Ufrrj 2005)  Este fragmento de "Triste Fim de Policarpo Quaresma" ilustra uma das características mais marcantes do Pré- Modernismo que é o
a) desejo de compreender a complexa realidade nacional.   
b) nacionalismo ufanista e exagerado, herdado do Romantismo.   
c) resgate de padrões estéticos e metafísicos do Simbolismo.   
d) nacionalismo utópico e exagerado, herdado do Parnasianismo.   
e) subjetivismo poético, tão bem representado pelo protagonista.   
  
10. (Ufrgs 2004)  Considere as seguintes afirmações sobre "O Triste Fim de Policarpo Quaresma", de Lima Barreto.

I - Na primeira parte, o autor apresenta um funcionário público exemplar, um patriota e um nacionalista obcecado.
II - Na segunda parte, Policarpo está no campo, dedicando-se à lavoura nas terras férteis do país, mas as saúvas põem fim ao seu projeto.
III - Na terceira parte, em que prevalece a sátira política, Policarpo rebela-se contra a República e o militarismo, acabando preso e condenado à morte.

Quais estão corretas?
a) Apenas I.   
b) Apenas II.   
c) Apenas I e III.   
d) Apenas II e III.   
e) I, II e III.   
 
Gabarito:  

Resposta da questão 1:
 [C]

Ao usar o pretérito imperfeito do indicativo, o narrador acrescenta forte carga subjetiva à descrição da paisagem como se a cena, embora esbatida, ainda estivesse presente na sua memória. Este procedimento transmite o momento da percepção e o fluxo de sensações vivenciadas pelo narrador, o que distancia o tempo da narrativa do tempo do leitor, como se afirma em [C].  

Resposta da questão 2:
 [D]

O romance “Triste fim de Policarpo Quaresma” é narrado em terceira pessoa, conta as agruras da vida de Policarpo no período que se segue à Proclamação da República no Brasil, com detalhes descritivos que permitem analisar sociologicamente esse momento. O tempo da narrativa é cronológico, pois os fatos são apresentados em sua sequência temporal e as descrições são permeadas de subjetividade de maneira a refletir a hipocrisia social que Lima Barreto pretendia criticar, como se refere na opção [D].   

Resposta da questão 3:
 V - V - V - V - F.

Apenas a última proposição é falsa, pois na obra “Triste Fim de Policarpo Quaresma” existe severa  crítica ao governo do presidente Floriano Peixoto que condena Policarpo ao fuzilamento sob a acusação de traição.  

Resposta da questão 4:
 [E]

Policarpo Quaresma, antes de morrer, recobra a razão e percebe que a pátria que idealizara era uma ilusão e que as suas atitudes patrióticas tinham sido inúteis e patéticas. O leitor toma consciência destas reflexões através do recurso narrativo: narrador onisciente.  

Resposta da questão 5:
 [C]

É correta a opção [C], pois o fragmento destacado é revelador de reflexões amargas e da desilusão de Policarpo sobre os três projetos (linguístico, agrícola e político) que havia idealizado para ao Brasil e não tinham dado certo. Ridicularizado por todos e acusado de traição à pátria, tem consciência de que o país que sonhara nada tinha a ver com a realidade que o cercava e todos os seus esforços haviam sido inúteis e ingênuos.  

Resposta da questão 6:
 02 + 04 + 16 = 22.

A proposição [01] é falsa, pois o romance “Triste fim de Policarpo Quaresma”, de Lima Barreto, apresenta características que o filiam ao Pré-modernismo. Também [08] é inadequada, pois associa a expressão “triste fim” de Policarpo a uma mudança de postura ideológica, o que nunca aconteceu. A expressão refere-se à pena de morte a que o governo de Floriano Peixoto o condenou.  

Resposta da questão 7:
 a) O tupi guarani representa a língua dos nativos, ou seja, uma língua sem influências estrangeiras.

b) Dedicar representa no texto estudar, pesquisar, descobrir, é que fazia Lima Barreto. Isso fica claro no trecho:
"Todas as manhãs, antes que a 'Aurora com seus dedos rosados abrisse caminho ao louro Febo', ele se atracava até ao almoço com o Montoya, 'Arte y diccionario de la lengua guarani ó más bien tupi', e estudava o jargão caboclo com afinco e paixão".  

Resposta da questão 8:
 [A]  

Resposta da questão 9:
 [A]  


Resposta da questão 10:
 [E]  

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