A capoeira foi criada no Brasil por africanos escravizados que trouxeram consigo suas tradições culturais. Para enganar os capitães do mato, que os perseguiam em caso de fuga, os escravos diziam brincar e dançar, por isso essa prática foi sempre acompanhada de música. No entanto, eles treinavam movimentos de uma luta que podia ser de grande valia durante a fuga até os quilombos.
As primeiras rodas foram registradas no Rio de Janeiro, em Salvador e Recife.
No início da República, essa prática sofreu uma forte repressão em algumas regiões do país. Os capoeiras eram considerados marginais e delinquentes, podendo até serem presos. Na mesma época, a capoeira ganhou o sobrenome Angola e teve, como precursor, o mestre Pastinha, na Bahia. Essa vertente da capoeira é guiada pela filosofia tradicional, preservando os movimentos originais e rasteiros. Sua ginga é mais leve devido ao ritmo mais lento da música, e os jogos costumam ser mais longos. Além de defesa, a capoeira Angola servia de canal aberto a manifestações culturais do povo negro, de cunho religioso (LIMA, 1991).
Na década de 1930, Manuel dos Reis Machado (mestre Bimba), criou um estilo de se jogar capoeira: a luta regional baiana, chamada de capoeira regional, caracterizada por ter um jogo mais rápido, com forte presença de saltos, movimentos altos e acrobáticos. Em 1953, no governo de Getúlio Vargas, a capoeira começou a ser organizada como ginástica e passou a ser considerada esporte pelo Conselho Nacional de Desporto, em 1972.
A história da capoeira é rica de fatos e acontecimentos intimamente relacionados com a história do Brasil. Um trabalho interdisciplinar com os professores de História, Geografia e Literatura favorece a ampliação da compreensão dos alunos sobre os fatos históricos e sociais intrínsecos a essa prática corporal originada em nosso país.
Os instrumentos da Capoeira são: Berimbau, Pandeiro, Atabaque, Reco-Reco e Agogô.
Luta, dança ou jogo?
A capoeira tem diversos fins, sendo considerada uma prática corporal eclética, pois pode ser tratada como luta, dança, jogo, educação, arte, esporte, entre outras possibilidades. Inicialmente, os treinamentos para a capoeira eram camuflados como dança e jogo em razão de sua prática permitir essa ambiguidade. Autores afirmam que atualmente é difícil distinguir onde termina a luta e começa o jogo, e vice-versa (SOARES, 2004).
Na Base Nacional Comum Curricular (BNCC, 2017), a capoeira é considerada uma luta, pois seus objetivos de aprendizagem são estruturados nesse viés. Originalmente ela foi utilizada para defesa e sobrevivência e, tempos depois, precisou ser defendida como uma prática corporal para ser aceita socialmente. Ao considerar a capoeira como luta, deve-se enfatizar que sua finalidade é combate, ataque e defesa, é um instrumento de defesa pessoal. Nesse mesmo formato ocorrem os campeonatos.
Há também vertentes que desenvolvem a capoeira como dança. Em razão da presença dos instrumentos e do canto, os escravos podiam treinar os golpes, disfarçando-os e enganando seus senhores. A ginga também é um elemento que se refere à dança, bem como toda a plasticidade, criatividade e movimentação dos corpos ao ritmo da música.
Por meio desse enfoque, a prática é realizada com ênfase nos movimentos coreográficos e no desenvolvimento de algumas capacidades físicas, como flexibilidade, agilidade, coordenação motora e equilíbrio.
Alguns consideram a capoeira um jogo quando sua prática é realizada de modo informal, voltada para interação e intercâmbio cultural. Por essa definição, a roda apresenta um fim em si mesmo, com regras flexíveis. Há divertimento, imprevisibilidade, improvisação, alegria, instabilidade, tensão, entre outros elementos. Uma expressão muito comum entre os participantes de uma roda de capoeira é “vamos jogar”.
A capoeira apresenta características de luta, dança, esporte e jogo. Além disso, ela é repleta de complexidades e particularidades, o que lhe confere uma grande riqueza histórico-cultural e de conteúdos. Essa discussão deve ser apresentada e debatida com os alunos para que eles compreendam, reconheçam, signifiquem e ressignifiquem a capoeira como parte integrante do processo de sua formação como cidadãos.
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