No início do ano de 1893 formara-se
às margens do rio Vaza-Barris, na Bahia, uma comunidade de sertanejos pobres.
Seu líder – um beato (devoto religioso que faz pregações e profecias),
apelidado de Antônio Conselheiro – denominou a comunidade de Belo Monte, mas,
devido à abundância de um tipo de vegetação chamada de canudo-de-pito, o local
ficou conhecido como Arraial de Canudos.
Praticando uma economia de
subsistência, aos poucos o Arraial de Canudos atraiu um número cada vez maior
de camponeses, que para lá se dirigiam em busca de melhores condições de vida.
A comunidade chegou a ter uma população aproximada de vinte mil pessoas, que
viviam segundo regras próprias. As terras e a produção eram coletivas. Todos
trabalhavam. Vivia- se de forma austera, as bebidas eram proibidas e toda a
comunidade fazia orações ao entardecer na igreja de Santo Antônio, construída
pelos conselheiristas no arraial.
A liderança de Antônio Conselheiro
atraía um número crescente de camponeses sem-terra. Seus discursos religiosos,
pregando a salvação divina, eram palavras de esperança para aquela parcela da
população que não via o governo como porta-voz de seus interesses e
necessidades.
Antônio Conselheiro pregava
abertamente contra a República, que em sua visão traria o final dos tempos. O
arraial era considerado um lugar santificado, uma verdadeira “terra prometida”.
Quanto mais crescia o povoado, mais aumentava a preocupação da Igreja, do
governo e dos coronéis, que viam seus poderes ameaçados.
A reação do governo republicano não demorou
a acontecer. Os grandes proprietários de terra pressionaram o poder local e o
poder central, pois estavam perdendo mão de obra. Três expedições foram
organizadas para destruir o arraial. Todas fracassaram. A reação dos
conselheiristas foi feita em táticas de emboscada: de repente saíam da mata
fechada aos gritos, dando vivas ao Bom Jesus e a Antônio Conselheiro
Simultaneamente atacavam as tropas inimigas muni- dos de espingardas, facas,
facões e varapaus (madeira grande e pesada). As emboscadas eram facilitadas
pelo conhecimento que os sertanejos tinham da vegetação emaranhada e espinhosa
da caatinga.
A vitória dos conselheiristas contra
três expedições fez com que o presidente Prudente de Morais ordenasse a
formação de uma nova expedição, com mais de sete mil soldados, comandados pelo
general Artur Oscar de Andrade Guimarães.
O cerco a Canudos durou três meses.
Em 1.o de outubro de 1897, o exército federal desfechou o ataque final, fazendo
uso de canhões e dinamites. Quatro dias depois, o arraial tinha sido
completamente arrasado. Casas foram incendiadas e sua população massacrada.
ATIVIDADE
1-A repressão ao movimento de Canudos foi extremamente
violenta. Você sabe explicar os motivos dessa violência? Justifique.
a) A forte adesão ao movimento garantiu uma resistência
inesperada dos revoltosos pelas forças republicanas, o que determinou a
utilização de duas divisões completas do Exército no combate ao arraial.
b) Canudos ameaçava os interesses dos grandes fazendeiros,
pois houve expressiva participação de camponeses no movimento e da Igreja
Católica, pois seu líder se apresentava com um pregador religioso contra a
República. Em uma época em que a Igreja apoiava o novo Estado laico.
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