Na complexa e maquiavélica política de alianças do pré-guerra, Hitler e Stalin, apesar de inimigos ferrenhos, valeram-se de velhos interesses e receios comuns para forjarem um pacto de não agressão, mas, secretamente, foram além dos cálculos franco-britânicos.
Embora ideologicamente bastante separadas e cultivando uma profunda animosidade, as nações combinaram secretamente invadir a Polônia e dividi-la entre si. Quando veio a público, o pacto aturdiu muitos líderes europeus. Era o equivalente, em nossa época, a um acordo secreto assinado por Israel e seus vizinhos muçulmanos para declarar guerra a um inimigo inesperado e dividir seu território.” (BLAINEY, 2008, p. 136-137)
Apesar de ter negociado paralelamente com Londres e Paris, Stalin fez sua escolha por Hitler. Com interesses convergentes e divergentes, a Alemanha Nazista e a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) entraram em acordo deixando ingleses e franceses a ver navios. Os alemães tinham bem mais a oferecer a Moscou — incluindo bombas ou tempo.
O tratado, em termos gerais, criou acordos comerciais e garantiria que os dois Estados não entrariam em guerra nos 10 anos seguintes. Entretanto, tal pacto abrangia dispositivos secretos que só chegariam ao conhecimento geral quando tarde demais: a Polônia, Finlândia, Lituânia, Letônia, Estônia e Bessarábia seriam transformadas em áreas de influência da Alemanha e/ou da URSS após conquistas armadas.
Os ingleses e franceses ficaram perplexos quando os nazistas — e logo em seguida os soviéticos — lutaram por interesses comuns na Polônia e horrorizados quando a parte mais assustadora do tratado entre germânicos e soviéticos ficou conhecida: o mundo assistiu o território polonês ser estraçalhado, dividido, pelos regimes totalitários.
Cronologia em 1939: 23 de agosto: assinado o Tratado Molotov-Ribbentrop; 1º de setembro: os alemães invadiram a Polônia; dia 3, sem saber do plano secreto de Hitler e Stalin, os ingleses e franceses declararam guerra à Alemanha; no dia 17 a URSS invadiu a Polônia pelo leste; No início de outubro a Polônia já estava derrotada e dividida.
Diferentemente das aparências, acredita-se que Hitler e Stalin foram políticos e negociaram bem de acordo com suas necessidades — e certamente sabiam que, cedo ou tarde, iriam guerrear entre si. Mas, por tempo, os dentes de aço dos gigantes rosnavam pela Polônia, a protegida dos anglo-franceses.
Ainda descontentes com as consequências da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), a Alemanha e a URSS ainda se consideravam donas de determinados territórios europeus. Em 1939, os dois Estados estavam dispostos a reconquistá-los à força.
Dentre os possíveis motivos de Stalin para ratificação do tratado, estava o de que não poderia suportar a Alemanha de Hitler, se este mobilizasse totalmente seu exército contra a URSS. As forças armadas soviéticas, apesar de bravas e incrivelmente numerosas, apenas contavam derrotas no último século e eram inadequadas para a guerra que os alemães poderiam propor. A União Soviética também necessitava de grandes investimentos em tecnologia, para a estruturação quinquenal (plano de gestão) e ainda possuía sérios problemas bélicos com os japoneses, que poderiam lhe atacar através da Manchúria e adjacências. O pacto firmado lhe deu tempo para uma melhor reorganização, além da adição de tecnologia alemã.
Do lado alemão existia o grande receio (medo) da abertura de duas frentes de batalha — como na Primeira Guerra Mundial — em que suas forças armadas seriam divididas para lutar. Também era imprescindível manter o inimigo russo afastado por algum tempo e criar vínculos comercias para obter matérias-primas (que foram fornecidas pela URSS). Hitler havia previsto que, sozinha, a Inglaterra ou a França jamais lhe atacaria.
A Inglaterra e a França, ainda assustadas pela Primeira Guerra, não desejavam mais combates, entretanto, sabiam que era necessário agir e, principalmente, obter o apoio da URSS contra Hitler. Contudo, a política franco-britânica havia falhado ao negar apoio à União Soviética anos antes e também havia se mostrado trágica ao fazer “concessões” a Hitler que cada vez mais anexava territórios.
O Pacto Molotov-Ribbentrop resistiria até 22 de junho de 1941, quando as forças armadas alemãs deflagraram a luta de titãs ao invadir a União Soviética.
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REFERÊNCIAS:
ALTMAN, Max. 1939 – É assinado o pacto Molotov-Ribbentrop. Acesso em: 22 jul. 2013.
BLAINEY, Geoffrey. Uma Breve História do Século XX. São Paulo, SP: Fundamento, 2008.
HOBSBAWM, Eric. A Era dos Extremos: O Breve Século XX: 1914-1991. trad. Marcos Santarrita. 2 ed. 46 imp. São Paulo: Companhia de Letas, 2012.
MAGNOLI, Demétrio; BARBOSA, Elaine Senise. Liberdade versus igualdade: O mundo em desordem (1914-1945). Rio de Janeiro: Record, 2011.
MASSON, Philippe. A Segunda Guerra Mundial: História e Estratégias. trad. Angela M. S. Corrêa. São Paulo: Contexto, 2011.
SANTOS, Marcos. O brinde do pomposo Ribbentrop. Acesso em: 22 jul. 2013.
Fonte: http://www.museudeimagens.com.br/pacto-molotov-ribbentrop/