Texto 1: Para refletir
Dizem que de todos os sentimentos humanos, a gratidão é o mais efêmero de todos. E não deixa de haver algo de certo nisso. O saber agradecer é um valor em que pouco se pensa.
Para alguns é muito fácil agradecer pelos pequenos serviços cotidianos que recebemos: o café da manhã, a roupa limpa…Mas nem sempre é assim.
Ser agradecido é mais que saber pronunciar umas palavras de forma mecânica, a gratidão é aquela atitude que nasce do coração em apreço ao que alguém tem feito por nós.
A gratidão não significa devolver o favor: se alguém me serve uma xícara de café não significa que depois devo servir a mesma pessoa uma xícara e permanecer iguais… O agradecimento não é pagar uma dívida, é reconhecer a generosidade alheia.
A pessoa agradecida busca ter outras atenções com as pessoas, não pensando em pagar pelo benefício recebido, se não em devolver a mostra de afeto ou cuidado que recebeu. Já pensou como as crianças agradecem os favores de seus pais? Fazem com um sorriso, um abraço e um beijo. De que outra maneira poderiam agradecer? E com isso já basta aos pais.
As mostras de afeto são uma forma visível de agradecimento; a gratidão nasce pela atitude que teve a pessoa mas que pelo bem (o benefício) recebido.
Conhecemos pessoas a quem temos especial estima, preferência ou carinho por tudo o que nos tem dado: pais, professores, cônjuges, amigos… O motivo do nosso agradecimento deve-se ao desinteresse que tiveram apesar do cansaço e da rotina. Nos deram seu tempo ou seu cuidado.
Nem sempre contamos com a presença de alguém conhecido para sair de um apuro, resolver um percalço ou um pequeno acidente.
Ao agradecermos à alguém que abre a porta do automóvel para colocar as sacolas que levamos, ou ao ajudar a trocar o pneu.
O caminho para viver o valor da gratidão tem algumas notas características que implicam:
-Reconhecer nos demais o esforço para servir,
-Acostumar em agradecer,
-Ser atento nos pequenos detalhes com as pessoas.
A pessoa que mais serve é a que mais sabe ser agradecida.
Texto 2:
FILHO ÉS, PAI SERÁS; ASSIM COMO FIZERES, ASSIM ACHARÁS
Em tempos que já lá vão, era costume, nalgumas terras, levarem os filhos os pais para um monte e deixarem-nos lá morrer à míngua.
Ora, uma vez, um rapaz, seguindo aquele costume, levou o pai às costas, pô-lo no monte e deu-lhe uma manta para ele se resguardar do frio até morrer.
O velho disse para o filho:
— Trazes uma faca?
— Trago, sim, senhor. Para que a quer?
— Olha! Corta ao meio a manta que me dás e leva a metade para te embrulhares, quando o teu filho te trouxer para aqui.
O rapaz considerou; tomou outra vez o pai as costas e voltou para casa com ele.
Adolfo Coelho
ATIVIDADES
Responda O que levou o filho a desistir de deixar seu pai no monte?
Que lições você pode tirar deste exemplo?
Árvore de agradecimento: você pode montar uma árvore com galhos de verdade, pode montar uma árvore de papel, pode nem montar uma árvore, pode fazer um simples pote e fazer folhas para pendurar ou colocar no pote contendo os agradecimentos Capriche!
Texto 3: Para refletir
A DISCIPLINA DO AMOR
Foi na França, durante a segunda grande guerra: um jovem tinha um cachorro que todos os dias, pontualmente, ia esperá-lo voltar do trabalho. Postava-se na esquina, um pouco antes das seis da tarde. Assim que via o dono, ia correndo ao seu encontro e, na maior alegria, acompanhava-o com seu passinho saltitante de volta a casa. A vila inteira já conhecia o cachorro e as pessoas que passavam faziam-lhe festinhas e ele correspondia, chegava a correr todo animado atrás dos mais íntimos. Para logo voltar atento ao seu posto e ali ficar sentado até o momento em que seu dono apontava lá longe.
Mas eu avisei que o tempo era de guerra, o jovem foi convocado. Pensa que o cachorro desistiu de esperá-Io? Continuou a ir diariamente até a esquina, fixo o olhar ansioso naquele único ponto, a orelha em pé, atenta ao menor ruído que pudesse indicar a presença do dono bem-amado. Assim que anoitecia, ele voltava para casa e levava sua vida normal de cachorro até chegar o dia seguinte. Então, disciplinadamente, como se tivesse um relógio preso à pata, voltava ao seu ponto de espera.
O jovem morreu num bombardeio, mas no pequeno coração do cachorro não morreu a esperança. Quiseram prendê-lo, distraí-lo. Tudo em vão. Quando ia chegando aquela hora ele disparava para o compromisso assumido, todos os dias. Com o passar dos anos (a memória dos homens!) as pessoas foram esquecendo do jovem soldado que não voltou. Casou-se a noiva com um primo. Os familiares voltaram-se para outros familiares.
Os amigos, para outros amigos. Só o cachorro já velhíssimo (era jovem quando o jovem partiu) continuou a esperá-lo na sua esquina. As pessoas estranhavam, mas quem esse cachorro está esperando?... Uma tarde (era inverno) ele lá ficou, o focinho voltado para aquela direção.
Lygia Fagundes Telles