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segunda-feira, 10 de agosto de 2015

A CARTA DO CARPINTEIRO AO DOUTOR

Desde muito pequenino
No meu tempo de criança
Que trabalho neste ramo
Ainda guardo na lembrança
Da profissão que meu pai
Me entregou de herança

A arte de trabalhar, seu doutor
Te digo de coração
Existe em todas pessoas
E em qualquer profissão
É presente que ganhamos
Do grande Pai da Criação

Em 19 de março
O Ceará comemora
O dia de São José
Carpinteiro de outrora
Foi quem criou Jesus Cristo
Junto com Nossa Senhora

É por isso, seu doutor
Que eu sou privilegiado
Pois foi Deus quem escolheu
Para o seu filho amado
A profissão de carpinteiro,
Por isso sou abençoado

Sou carpinteiro, seu doutor!
Com muito amor e orgulho
Quando ouço de meu serrote
No vai e vem o barulho
Transformando a matéria-prima
Em um presente num embrulho

Já falei de meu serrote
Não posso esquecer o formão
Que moldura o pau tosco
Com a ajuda de minha mão
Sai dali um lindo dote
De serventia e perfeição

Das batidas do martelo
Eu lembro com emoção
Com um sobe e desce constante
Bem firme em minha mão
Vai o prego enfiando
No ritmo do coração

Do tronco da maçaranduba
Do galho do jatobá
Com suas folhas pequenas 
Onde canta o sabiá
Faço a arte da madeira
Para o mundo embelezar

As vezes sou mal visto
Pelos ambientalistas
Por achar que eu desmato
Mas pergunto aos especialistas:
Se outras profissões não desmatam
Mesmo sendo bem destintas

Vou falar da agricultura
Que em todo ano avança
Levando muito progresso
Que a muita gente alcança
Mais deixa o desmatamento 
Para todos de herança

Não é só o carpinteiro
Nem também o agricultor
Que são os responsáveis
Desse aquecimento, doutor!
Pois todos são responsáveis 
Seja a profissão que for

Vou falar de meus colegas
E amigos de profissão
Que também mexem com madeira
Como carpinteiro e artesão
É uma lida honesta, seu doutor.
Te digo de coração

Vou começar pelos Arcanjos
Que em nossa cidade habitam
Já em muitas gerações
Essa profissão praticam
Quando morre um nascem dez,
Cinco vão e vinte ficam

Temos o professor César
Que dali se originou
Seus irmãos Delmar e Francisco
Continuam com louvor
A profissão da família 
Que há muito começou

Tem o Antoi Cabeça Branca
O Raimundo e Ananias
João Cabeça e Carlinho
Gente de muita simpatia
São figuras conhecidas
Por papai, mamãe e titia

Sem falar de Zé Arcanjo
Tita, Nilson e Bié
Que são gente conhecida
Para o que der e vier
São filhos de Antonio Arcanjo
Saudoso carpinteiro de fé

Antonio Arcanjo era tido
Como um sujeito astuto
Era muito conhecido
Pelo doutor e matuto
Não deixava nada sem nada
Tinha resposta pra tudo

Temos outros carpinteiros
No lugar onde eu moro
Temos Toim e pancinha
Pessoas que eu adoro
Raimundo Uruoca e Zé Munis
O pai do Paulo do Fórum

Eu não posso esquecer
Do saudoso João Gonçal
Que da madeira fazia
Uma arte artesanal
Que ninguém acreditava
Que era feita de pau

Tem o amigo pancinha, 
João Cabeça e Caboquim
Everaldo e Zé Mutenga
Que muito ensinaram a mim
Tem o Coquinho e Chico do Ananias
Seu Chicão e Zé do Caboquim

Desculpe se esqueci
Algum nome nessa epopéia
Pois são todos importantes
Até na cultura européia
Sintam-se todos homenageados
Pelos aplausos da platéia!

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