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segunda-feira, 20 de abril de 2020

A Revolta de Canudos


No início do ano de 1893 formara-se às margens do rio Vaza-Barris, na Bahia, uma comunidade de sertanejos pobres. Seu líder – um beato (devoto religioso que faz pregações e profecias), apelidado de Antônio Conselheiro – denominou a comunidade de Belo Monte, mas, devido à abundância de um tipo de vegetação chamada de canudo-de-pito, o local ficou conhecido como Arraial de Canudos.
Praticando uma economia de subsistência, aos poucos o Arraial de Canudos atraiu um número cada vez maior de camponeses, que para lá se dirigiam em busca de melhores condições de vida. A comunidade chegou a ter uma população aproximada de vinte mil pessoas, que viviam segundo regras próprias. As terras e a produção eram coletivas. Todos trabalhavam. Vivia- se de forma austera, as bebidas eram proibidas e toda a comunidade fazia orações ao entardecer na igreja de Santo Antônio, construída pelos conselheiristas no arraial.
A liderança de Antônio Conselheiro atraía um número crescente de camponeses sem-terra. Seus discursos religiosos, pregando a salvação divina, eram palavras de esperança para aquela parcela da população que não via o governo como porta-voz de seus interesses e necessidades.
Antônio Conselheiro pregava abertamente contra a República, que em sua visão traria o final dos tempos. O arraial era considerado um lugar santificado, uma verdadeira “terra prometida”. Quanto mais crescia o povoado, mais aumentava a preocupação da Igreja, do governo e dos coronéis, que viam seus poderes ameaçados.
A reação do governo republicano não demorou a acontecer. Os grandes proprietários de terra pressionaram o poder local e o poder central, pois estavam perdendo mão de obra. Três expedições foram organizadas para destruir o arraial. Todas fracassaram. A reação dos conselheiristas foi feita em táticas de emboscada: de repente saíam da mata fechada aos gritos, dando vivas ao Bom Jesus e a Antônio Conselheiro Simultaneamente atacavam as tropas inimigas muni- dos de espingardas, facas, facões e varapaus (madeira grande e pesada). As emboscadas eram facilitadas pelo conhecimento que os sertanejos tinham da vegetação emaranhada e espinhosa da caatinga.
A vitória dos conselheiristas contra três expedições fez com que o presidente Prudente de Morais ordenasse a formação de uma nova expedição, com mais de sete mil soldados, comandados pelo general Artur Oscar de Andrade Guimarães.
O cerco a Canudos durou três meses. Em 1.o de outubro de 1897, o exército federal desfechou o ataque final, fazendo uso de canhões e dinamites. Quatro dias depois, o arraial tinha sido completamente arrasado. Casas foram incendiadas e sua população massacrada.
ATIVIDADE
1-A repressão ao movimento de Canudos foi extremamente violenta. Você sabe explicar os motivos dessa violência? Justifique.
a) A forte adesão ao movimento garantiu uma resistência inesperada dos revoltosos pelas forças republicanas, o que determinou a utilização de duas divisões completas do Exército no combate ao arraial.
b) Canudos ameaçava os interesses dos grandes fazendeiros, pois houve expressiva participação de camponeses no movimento e da Igreja Católica, pois seu líder se apresentava com um pregador religioso contra a República. Em uma época em que a Igreja apoiava o novo Estado laico.

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